Domingo de Agosto
Alfredo Marceneiro
Nesse domingo de Agosto
Foi linda a espera de gado
Desde manhã ao Sol posto
Houve alma, toiros e fado
Não havia traquitana
Que não estivesse enfeitada
E via-se engalanada
Toda a praça de Sant’Ana
Gente alegre, gente lhana
Trajando com raro gosto
Cumpria bem o seu posto
De toureiros e fadistas
Que lindo rancho de artistas
Nesse domingo de Agosto
Descantes e guitarradas
Se ouviram de manhãzinha
Gente a ver se o gado vinha
Os campinos e as montadas
Fizeram-se desgarradas
Com encanto e com agrado
Era já manhã, Sol nado
Quando o gado entrou na praça
Que encantamento, que graça
Foi linda a espera de gado
Toirada, vida, emoção
Encantamento e prazer
Muitas palmas, sensação
Lide, nobreza a valer
Era tanta a sedução
Do povo bem predisposto
Que se via em cada rosto
A alegria manifesta
Foi um domingo de festa
Desde manhã ao Sol posto
Á tarde encheram-se as hortas
Das mesmas gentes bizarras
E só se ouviam guitarras
Nas tascas fora de portas
Só alta noite, horas mortas
Após o terço vibrado
Saiu o povo encantado
Ébrio de imensa alegria
Só porque naquele dia
Houve alma, toiros e fado
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